22 de abr. de 2010

Foda-se

Eu não sei como começar este texto. Para falar a verdade eu não sei sobre o que vou escrever, só sei que preciso.
Vou lhe contar uma história. Ou melhor, um sonho.
A primeira pessoa não quer falar agora. A terceira é intrusa demais, ela já está no meio de nós.
E se ela se apaixonasse? Ela andava por entre as ruas, calma e constante. E ela tinha esta pergunta em seus estímulos. O que era impossível: nada conseguia quebrar sua redoma de vidro, seu mundo ordinário. Ordinário, porém louco de fantasias e perseguido por cores. Cores vindas de seus olhos, que projetavam um mundo com paredes pintadas, coreografadas, mas nunca vazias. (Isto é um sonho, logo há um vazio bem aqui e o que acontecerá não se sabe como aconteceu) Em algum acaso da vida, em alguma profecia não revelada, entrou um estranho. Talvez possa tê-la ajudado com promiscuidades prosaicas - quem sabe. O que foi relatado é que depois do primeiro encontro, ele a segurou pelo braço apenas para impedir que a mágica não se concretizasse. E ela reparou na intensidade de seu sorriso. Tão inteiro: ele era inteiro. Tão ele: ele era ele. O que o universo inteiro não contou é que ele não projetava as mesmas cores que ela, tampouco projetava. Ele não enxergava. E embora ele não tivesse visto, ele sentiu que a energia dela havia mudado com seu toque e com a enxurrada de sua sinceridade ao sorrir.
(ponto)
Em sua bolha redomada e embrulhada para presente, ela tirou sua graça do canto dos lábios. Sua ínfima felicidade de um momento: ela jogou fora. Se renovou com preconceito e com pena. Ele, na sua inocência e vontade de estampar aquele sorriso bobo, começou a falar. Ou melhor, começou a tirar lasquinhas daquele vidro que a cercava. Ele simplesmente quebrou suas expectativas: falava de suas vivências, de seus entes interiores, de suas visões mundanas, de suas inventadas cores, de si, de ela, de todos... Pergunta: como podia ele ser tão mestre de si e como podia ele sorrir só por sorrir e como podia ele fazê-la imaginar outras coisas senão aquelas que ela tinha certeza que não passavam... daquilo.
Ledo engano. Por educação, ou por falta de circunstância, ou por pura coincidência, ela continuou o seu dia caminhando lado a lado. E no dia seguinte, ele a procurou; e no outro, ele se encantou; e posteriormente, a adorou. Pergunta: o que tinha ela para encantar tamanho gigante?
Nada sabia responder (há coisas que não se sabe porque acontecem), apenas sentia das vibrações uma vontade de mudança, uma semente germinando, um calor que o completava.
E ela só se lembra que no dia que estava suficientemente hipnotizada por ele e frágil demais para reagir, ela se inundou com mais um de seus sorrisos-abertos-e-sem-medo-com-tantos-dentes e surpreendeu-se com seus lábios desejando os dele, desejando sentir o sorriso em si. E ele, como a desejava há muito tempo, fechou seus olhos, fechou os dela, pegou-a para si e tudo o que ele fez, na luz de seu mundo e na vontade dos dois, ela sentiu igual: enxergou na mesma lente que a dele.
Ela se apaixonou por um não-mundo sem cores que a fez perceber que a única coisa que não tinha mundo era ela. Não tinha, agora a redoma era outra.
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência e a "ela" do sonho não sou eu. Era outra que nunca vi mais gorda nesta vida, acreditem.


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Viajar, enfim =)
Bom feriado a todos.
(O meu eu acordou)

Um comentário:

  1. como eu não tinha lido isso antes? cara.... realmente renata, cada vez mais eu vejo que existem certas semelhanças entre pessoas que voce mal conhece, certo? hahaha. a gente tem que parar com esse negocio de se comunicar por comentaaario!! e ah, meu feriado foi ótimo! (:

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