16 de jun. de 2009

Luis Fernando Veríssimo

Fan-tás-ti-co.

Retardatário
- Fiquei velho na época errada...
- Como?
- Toda a minha vida foi assim. Cheguei às diferentes fases da vida quando elas já tinham perdido suas vantagens, ou antes delas adquirirem vantagens novas.
- Sei...
- Passei a vida com aquela impressão de quem chegou à festa quando ela já tinha acabado ou saiu quando ela ia ficar boa.
- Sim.
- Veja você: a infância. Houve um tempo em que as crianças, assim, da minha classe, eram tratadas como príncipes. Está certo, também apanhavam muito. Mas havia as compensações. Geralmente uma avó morava junto e consolava com colo ou doce. E as mães não trabalhavam fora nem faziam expressão corporal. Ficavam em casa inventando uma maneira de estragar os filhos. Você alguma vez teve roupa de veludo?
- Não.
- Nem eu. Sou da primeira geração pós-veludo e pré-jeans. As vezes olho fotografias daquelas crianças antigas com roupas ridículas, golas rendadas, babados e me dá inveja... Aquilo sim era maneira de tratar criança. Acho que a minha geração deu no que deu porque nunca usou cacho e roupa de veludo.
- Pode ser...
- Outra coisa: psicologia. Fui da primeira geração criada com psicologia. Nada de castigo - conversa. Ele rabiscou toda a parede? Está tentando expressar alguma coisa. E usou o batom da mãe? Ih, cuidado, uma surra agora pode traumatizá-lo para sempre. Também fui da primeira geração que não precisou decorar tabuada e da última antes da calculadora de bolso. Resultado: cresci sem a noção de duas coisas: pecado e matemática.
- Certo.
- Cheguei tarde à infância e muito cedo à juventude. A revolução sexual começou um dia depois que me casei com a minha mulher porque era a única maneira de poder dormir com ela. Nós casamos num sábado e a revolução sexual começou no domingo. Ainda tentei desfazer o casamento. "Agora não precisa mais!" Mas estava feito.
- Sei...
- Minha adolescência foi um martírio. Me lembro dela como uma única e interminável tentativa de desenganchar sutiãs. Os sutiãs eram presos atrás de mil maneiras. Ganchos, presilhas, botões, solda. Você precisava de um curso de engenharia para desengatá-los. Uma namorada minha usava sutiã com uma fechadura atrás. Com combinação, juro! Dezessete para a esquerda, cinco pra direita, rápido que a mãe vem vindo! Você, garoto, nem deve saber o que é sutiã.
- É.
- Eu pensava ser um adulto sério, engajado nas melhores causas, talvez até ativista político, um guerrilheiro. Quando cheguei à idade, os jovens adultos estavam cuidando de suas carreiras e carteiras de ações. Fui da primeira geração que quando falava em ir para as montanhas queria dizer para o fim de semana. E a última que ainda usou a palavra "alienação", mas aí não sabia bem o que era.
- Entendi...
- Tudo bem, pensei. Vou me preparar para a velhice e seus privilégios, com minha pensão e meus netos. Mas a previdência está quase quebrando e meus netos quando me olham parecem estar me medindo para uma casa geriátrica. E há meia hora que estou aqui chateando você e você ainda não se levantou para me dar o seu lugar.
- Qual é, coroa? Essa de dar lugar pros mais velhos já era.
- Eu não disse? Cheguei tarde à velhice...

13 de jun. de 2009

Santo Antônio,

Amor
Humor
Oswald de Andrade
  • Minha mãe ia me sentar numa cadeira todos os dias, por sete dias, me benzer e pedir: "Deus tira a uruca de cima da minha filha e arranja um bom menino pra ela!"
  • Quando acordei hoje, minha mãe me disse que a energia estava propícia para fazer uma reza a Santo Antônio.

Sim, estou solteira. Mas meu dia 12 foi tão bom :)

"Mãe, não preciso disso. Eu já tenho você" (ok, eu não disse isso. Mas não preciso, ela sabe). A vida já está completa. Quem entrar, é lucro.

Dia de santo antônio pra mim é um dia de bossa. Não precisa ficar com raiva do santo e colocá-lo de cabeça pra baixo ou tirar o menino jesus dele. Deus já foi generoso demais por ter colocado certas pessoas no meu caminho. Eu não posso me dar ao luxo da queixa. Eu não tenho sede de amor, fome, carinho, amizade... Tenho até sobrando... Oba! Vamos dividir com quem realmente precisa?

Eu sei que já passou do dia dos que se amam, mas foi o tempo que eu encontrei. Eu desejo a todos muito carinho e um abraço bem apertado.

(não liga não, to meio sentimental hoje)

Amém.

9 de jun. de 2009

Mas então, além da Amazônia...

Só xingando...


Estava eu, em meu santo sofá, assistindo ao Jornal da Globo que está passando neste exato momento. Eis que surge uma reportagem - que infelizmente eu não peguei maiores detalhes como nomes e a cidade - sobre a maior área de Mata Atlântica urbana e preservada no país, localizada no estado de São Paulo.
O repórter estava explicando que está se tornando muito frequente a aparição de verdadeiros quarteirões ou espaços, como o PEQUENO maracanã, em áreas onde antes encontrava-se a Floresta Tropical. Isso, devido ao fato de contruções irregulares, a exemplo de buffets (restaurantes), sítios para lazer, dentre outros pequenos luxos.
Uma entrevistada disse que quando as autoridades resolvem aparecer, é tarde demais. (Porque será né?)
Só que, o que mais me deixou tipo "hã?", foi o momento em que o tal repórter se passa por uma pessoa que quer montar um restaurante. Ele, então, resolve procurar uma pessoa que possa orientá-lo, já que a "suposta" área onde deseja instalar seu negócio é florestada. Surge a dona responsável, com o seguinte diálogo:

Repórter - Teria problema eu construir algo aqui nesse pedaço?
Dona - Não! Eu posso até sugerir um senhor que faz esse trabalho pouquinho por pouquinho. Sabe... Derruba umas árvores num dia, depois outras nos outros...
R - Ele não faz alarme...
D - Não pode fazer né? Senão você paga multa.
R - é né tem que desmatar..
D - Tem que desmatar! senão você vai fazer o que? Casinha de índio?

...

Gente, eu resumi o diálogo. Mas em suma, foram essas palavras.
Daqui a pouco a matéria deve estar no site do jornal:
http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,16009,00.html

Não vou dormir feliz hoje.
1º - A dona vai continuar cagando, andando e ganhando dinheiro. (mesmo que ela seja presa, o que eu duvido)
2º - Além da dona, algumas pessoas vão continuar ignorando esse fato.

3º - Amanhã as pessoas irão comer no mais novo "Buffet" da cidade.

Olha que eu não preciso de bola de cristal pra saber disso.

(Pelo menos um pouquinho de verdade para o ínicio de mais uma terça)



6 de jun. de 2009

ô coisinha tão bunitinha do pai.

Uma amiga minha veio aqui pra casa ontem. Me pegou de surpresa:
- Posso ir pra aí?!
- Vem pra cá!
Então tá.
Ela matou a aula do curso e foram cinco horas. Mas isso, perto do que a gente já passou, é uma vírgula. Ver a mesma pessoa por mais de cinco anos todos os dias no colégio vira um costume. E olha que nos últimos três anos era tempo integral. Colégio acabou... e não mudou nada :)
E desde quando hora é documento quando se trata de alguém do peito? Foda-se se são minutos. Minutos possuem valor existencial, certo? Comemos, rimos, lemos os meus diários, fofocamos sobre a vida alheia, pergunto como ela tá, eu conto sobre os meus anseios. E vai ser sempre assim :)
Amigo é melhor que namorado cara. Mas amizade de verdade, daquela que não precisa de photoshop, é como deve ser! Verdadeira mesmo eu conto na mão. E me orgulho dos dedos que posso contar. Cada um segue com a sua vida, e no dia que vocês marcam pra reunir as vidas novamente, o sentimento está intacto. A intensidade é a mesma.

Se papai do céu criou uma coisa bonita nesse mundo é isso.
Amiga, te amo :)